O uso de extratos vegetais na agricultura tem se consolidado como uma alternativa sustentável aos defensivos químicos tradicionais. Segundo o professor doutor Victor Forti, especialista em fitotecnia e docente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Araras, os extratos naturais trazem uma série de benefícios, tanto para o controle de pragas e doenças quanto para o estímulo ao desenvolvimento vegetal. A afirmação foi feita em entrevista ao programa Ganhando o Futuro, do Canal Rural.
Forti explicou que os extratos vegetais são produzidos a partir de plantas que passam por processos de extração — a quente, como em infusões semelhantes a chás, ou a frio, como os preparados tradicionais de arnica feitos pelas avós.
“O princípio é simples: extraímos compostos bioativos das plantas, como fenóis, terpenos e ácidos graxos, e aplicamos em outras plantas para obter efeitos positivos”, explicou.
Esses efeitos podem ser tanto diretos quanto indiretos. Os diretos envolvem o controle de pragas e doenças, já que muitos extratos possuem toxicidade natural contra insetos e fungos. Já os indiretos atuam como bioestimulantes, promovendo o crescimento da planta, o desenvolvimento de raízes e folhas, além de aumentar a tolerância a estresses ambientais, como calor excessivo ou escassez de água.
“É importante diferenciar resistência de tolerância. Uma planta tolerante continua convivendo com o estressor, como uma praga ou a seca, sem sofrer grandes danos. Já a resistente impede o desenvolvimento desses organismos ou a ação do fator externo”, afirmou o professor.
Na agricultura familiar, o uso dos extratos costuma ser feito de forma artesanal, com métodos simples que utilizam água, álcool ou uma mistura dos dois como solventes para a extração dos compostos. “Cada tipo de solvente extrai compostos diferentes. Por isso, o extrato hidroalcoólico, com 30% de água e 70% de álcool, é geralmente o mais recomendado”, disse Forti.
O pesquisador destacou que algumas plantas já são amplamente conhecidas por seus efeitos benéficos, como a cavalinha, as cascas de alho e cebola, a pimenta e até o extrato de fumo, bastante utilizado no controle de pragas. No entanto, com a enorme biodiversidade brasileira, ainda há muito a ser explorado e estudado.
“A ciência tem avançado, mas ainda temos um longo caminho para identificar e validar mais espécies com potencial agrícola”, observou.
Para que os extratos vegetais possam alcançar o uso em larga escala, como em produções agrícolas de médio e grande porte, é necessário enfrentar desafios como o fornecimento constante de matéria-prima, a estabilidade do produto final e sua viabilidade de aplicação. “Não basta extrair o composto. É preciso garantir que ele continue eficaz ao longo do tempo, e isso exige formulações e estudos robustos”, afirmou.
Ainda assim, algumas startups e empresas já estão desenvolvendo soluções comerciais baseadas em extratos vegetais, o que indica um crescimento do setor. Forti cita que, nos últimos 10 anos, mais de 250 estudos científicos foram publicados no mundo sobre o tema, demonstrando o crescente interesse e avanço na área.
O professor ressalta, porém, que o uso de extratos vegetais não deve ser feito de forma indiscriminada.
“Nem tudo que é natural é automaticamente seguro. Algumas plantas podem conter compostos tóxicos e prejudicar o meio ambiente ou a saúde humana. É fundamental buscar conhecimento técnico antes de utilizar qualquer extrato na lavoura”, alertou.
Outro ponto importante é o correto posicionamento do produto no manejo agrícola. Diferente dos defensivos convencionais, os efeitos dos extratos vegetais podem ser mais sutis e exigem monitoramento contínuo das lavouras.
“É uma mudança de mentalidade. A eficácia está ligada ao uso correto, ao momento da aplicação e ao acompanhamento técnico”, finalizou.
A tendência dos extratos vegetais representa não apenas um avanço técnico, mas uma oportunidade de tornar a agricultura mais sustentável, segura e adaptada às mudanças climáticas. Ainda em fase de consolidação, esse caminho promete transformar práticas e resultados no campo.
Feras da Sustentabilidade
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O programa Ganhando o Futuro é exibido no Canal Rural de segunda a quinta-feira, às 8h30 e às 17h. Já às sextas-feiras, o programa vai ao ar às 8h30 e às 18h15. Todos os episódios estão disponíveis no YouTube.