Com menos chuva que o sertão, sul da Espanha vira referência agrícola e inspira produtores brasileiros

Viagem técnica mostra como região desértica de Almería se tornou maior exportadora de hortaliças da Europa com uso racional da água e organização dos pequenos produtores.

Com menos chuva que o sertão, sul da Espanha vira referência agrícola e inspira produtores brasileiros

Mesmo com menos de 200 milímetros de chuva por ano — menos do que muitas regiões do sertão nordestino — o sul da Espanha, especialmente a província de Almería, tornou-se referência mundial na produção de frutas e hortaliças de alta qualidade. O segredo? Uma combinação de estufas adaptadas, uso racional da água, controle biológico e, principalmente, forte organização cooperativista entre pequenos produtores. Esses foram os principais aprendizados de uma missão técnica organizada pela Agrotravel e liderada por Fábio Torquato, presidente da empresa, que levou um grupo de agricultores e representantes do governo do Mato Grosso do Sul para conhecer o modelo espanhol. A experiência foi compartilhada no programa Ganhando o Futuro, do Canal Rural, apresentado pela Luciana Yurie.

“Almería é hoje a maior concentração de estufas do mundo, com mais de 55 mil hectares cobertos. É possível ver essa mancha branca até do espaço”, afirmou Torquato. O mais surpreendente, segundo ele, é que o protagonismo agrícola da região não está concentrado em grandes fazendas, mas sim em pequenos produtores com áreas entre dois e três hectares. O diferencial, no entanto, não está apenas nas estufas.

“O que mais impressiona é como eles criaram uma estrutura organizacional para que o produtor faça apenas o que sabe: produzir”, explicou.

Enquanto no Brasil o pequeno agricultor precisa produzir, vender, negociar insumos e lidar com a logística, na Espanha ele é amparado por cooperativas que cuidam de toda a cadeia — da comercialização ao relacionamento com o mercado europeu, altamente exigente em termos de sustentabilidade e rastreabilidade.

A gestão hídrica foi outro ponto de destaque. A água, um recurso extremamente escasso na região, é tratada como o principal insumo de produção.

“Antes de plantar, o produtor espanhol já sabe quanto de água vai precisar. Tudo é planejado e controlado. Inclusive, utilizam tecnologias como a dessalinização da água do mar para garantir o abastecimento das lavouras”, destacou Torquato.

A comparação com a realidade brasileira, especialmente em regiões como o Centro-Oeste, onde a água ainda é abundante, trouxe reflexões importantes para os participantes. “Um dos agricultores nos disse: ‘lá no Mato Grosso do Sul, a gente nem pensa em água, porque tem demais’. Mas ver essa realidade lá fora ajuda a entender que não podemos esperar a escassez chegar para agir”, disse Torquato. O uso de irrigação por gotejamento e o controle por sensores no celular já são práticas aplicáveis no Brasil e que podem trazer mais sustentabilidade e economia.

Além da água, o controle biológico é amplamente utilizado nas estufas espanholas, quase como regra.

“Quase todos os produtores usam inimigos naturais no lugar de defensivos químicos. Isso é exigido pelo mercado europeu. Mesmo que o produtor não queira, ele acaba sendo obrigado para conseguir vender”, afirmou.

O uso de biossoluções e a automação das operações também fazem parte do cotidiano agrícola de Almería, que se tornou um polo de inovação mesmo com tantos desafios naturais.

A reciclagem de materiais das estufas é outro ponto em que o Brasil ainda precisa avançar. “Eles tratam quase 100% do plástico utilizado. É uma preocupação séria, porque se toda aquela região de estufas não tiver esse cuidado, o impacto ambiental seria enorme”, alertou.

Para Torquato, mais do que técnicas, a maior lição trazida da missão à Espanha foi a de superação.

“Eles transformaram pedras e areia em um polo agrícola. E isso inspira o brasileiro a acreditar que é possível fazer mais e melhor com o que se tem”, concluiu.

A troca de experiências com os espanhóis também despertou interesse mútuo: empresas europeias querem entrar no mercado brasileiro, especialmente com soluções biológicas, enquanto os produtores nacionais voltam com a cabeça cheia de ideias para aplicar em suas realidades — mesmo que muito diferentes das do deserto espanhol.

As missões técnicas como essa vêm ganhando cada vez mais espaço na formação de lideranças agrícolas no Brasil, com o potencial de transformar realidades locais a partir de exemplos internacionais de sucesso.

Feras da Sustentabilidade

No Ganhando o Futuro, foi destacado que, quando se trata de nutrição vegetal e produtividade, os fertilizantes da Bioagross são aliados essenciais para os produtores. A linha de fertilizantes foi desenvolvida para atender às necessidades específicas das lavouras do início ao final do ciclo produtivo.

Com nomes inspirados em felinos, a família Felina conta com produtos como Leão, Lince, Guepardo, Onça e Tigre, cada um com uma função específica para potencializar a produção agrícola. Esses fertilizantes contribuem para um manejo mais eficiente e sustentável, garantindo o máximo aproveitamento dos nutrientes no solo. Essa linha de nutrição pode ser adquirida através do site: www.ganhandoofuturo.agross.com.br

O programa Ganhando o Futuro é exibido no Canal Rural de segunda a quinta-feira, às 8h30 e às 17h. Já às sextas-feiras, o programa vai ao ar às 8h30 e às 18h15. Todos os episódios estão disponíveis no YouTube.