Biogás e biometano avançam como alternativa ao diesel e ao gás natural nas propriedades rurais

Presidente da ABREN aponta que Brasil explora apenas 3,4% do potencial de produção e destaca vantagens econômicas e ambientais para o setor agropecuário.

Biogás e biometano avançam como alternativa ao diesel e ao gás natural nas propriedades rurais

Biogás e biometano têm potencial para transformar o setor agropecuário brasileiro, substituindo combustíveis fósseis como diesel e gás natural por fontes limpas e renováveis, com economia e ganhos ambientais significativos. Essa foi a principal mensagem de Yuri Schmitke, presidente da ABREN (Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos), em entrevista ao programa Ganhando o Futuro, do Canal Rural, apresentado pela Luciana Yurie.

Segundo Schmitke, a agropecuária concentra cerca de 92% do potencial nacional para a geração de biogás, mas o país ainda utiliza apenas 3,4% da capacidade teórica disponível.

“Hoje, 75% do biogás no Brasil vem de aterros sanitários, mas o verdadeiro tesouro está nos resíduos da agropecuária, como esterco de suínos, frangos, gado e restos vegetais”, afirma.

A produção de biogás se dá por meio da biodigestão anaeróbica, processo que transforma resíduos orgânicos em energia e biofertilizantes. Quando purificado, o biogás se transforma em biometano, um combustível com as mesmas características do gás natural.

“O biometano pode abastecer tratores, caminhões e até carros, substituindo o diesel e o GNV, com vantagem ambiental muito maior”, explica o presidente da ABREN.

Para o uso doméstico, Schmitke citou equipamentos acessíveis, como biodigestores caseiros vendidos pela internet por cerca de R$ 6 mil. Esses sistemas permitem que famílias cozinhem usando gás gerado a partir dos próprios resíduos orgânicos. “Isso é sustentabilidade na veia”, comenta.

No campo, entretanto, o uso do biometano exige instalações industriais mais robustas. Segundo Schmitke, já existem propriedades rurais no Brasil que produzem seu próprio biometano e abastecem veículos agrícolas, reduzindo custos e aumentando a autonomia energética.

“O produtor pode ficar menos dependente de combustíveis fósseis e de seus preços instáveis”, afirma.

A experiência europeia, especialmente na implementação de corredores verdes para transporte com biometano, foi citada como modelo para o Brasil. A ABREN liderou um projeto com apoio da União Europeia — o EU Climate Dialogues — que gerou estudos comparativos, políticas públicas e relatórios de boas práticas. Como resultado, a entidade passou a integrar a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) e firmou parcerias com a European Biogas Association e a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).

Uma das principais propostas defendidas pela ABREN é a precificação diferenciada do biometano, levando em conta o tipo de resíduo e o porte da planta geradora.

“Hoje, uma planta pequena de biogás precisa de mais incentivo. Já uma instalação de grande porte tem vantagens naturais de escala e pode operar com subsídios menores”, defende Schmitke.

O dirigente também chama atenção para os impactos ambientais positivos da substituição do diesel e do gás natural. A biodigestão impede que resíduos contaminem o solo e a água, além de gerar fertilizantes naturais e reduzir drasticamente as emissões de metano — um dos gases de efeito estufa mais potentes. Em contrapartida, os aterros sanitários brasileiros, segundo ele, deixam escapar de 50% a 70% do metano gerado, contribuindo para problemas ambientais e de saúde pública.

O acesso do produtor rural aos chamados Cebios (créditos de descarbonização) e a incentivos financeiros também está no centro do debate. Um dos instrumentos propostos é o Programa Nacional do Metano Zero, que poderá oferecer financiamentos com taxas reduzidas para produtores que adotarem sistemas de biogás em suas atividades principais.

“O Brasil tem o maior potencial do mundo para o biometano. Se aproveitarmos bem esse recurso, podemos transformar o campo em um polo de geração de energia limpa, reduzir nossa dependência externa e ainda contribuir para a agenda climática globa,” conclui Schmitke.

Feras da Sustentabilidade

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O programa Ganhando o Futuro é exibido no Canal Rural de segunda a quinta-feira, às 8h30 e às 17h. Já às sextas-feiras, o programa vai ao ar às 8h30 e às 18h15. Todos os episódios estão disponíveis no YouTube.