O Brasil desperdiça uma imensa oportunidade energética e ambiental ao aproveitar apenas 3% de todo o potencial que tem para gerar biogás, segundo Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN). A afirmação foi feita durante entrevista ao programa Ganhando o Futuro, do Canal Rural, apresentado por Luciana Yurie.
O biogás é um tipo de energia renovável produzida a partir da decomposição de resíduos orgânicos, como dejetos de animais e restos da lavoura. Segundo Schmitke, 92% do potencial brasileiro para produção de biogás está no setor agropecuário, o que representa uma oportunidade tanto para a geração de energia quanto para a fabricação de biofertilizantes.
“Esses resíduos, como esterco de suínos, frangos, bovinos e subprodutos do setor sucroenergético, como vinhaça e torta de filtro, podem ser transformados em biogás por meio da biodigestão anaeróbica”, explicou.
O processo, realizado em biodigestores, gera gás com cerca de 60% de metano – o chamado biometano – que pode ser purificado e usado como combustível em tratores, caminhões ou para gerar energia elétrica.
Apesar da tecnologia estar disponível e ser economicamente viável, a adoção da prática ainda é limitada. “O Brasil captura biogás principalmente em aterros sanitários, mas até 70% desse gás é desperdiçado, indo direto para a atmosfera. É um desperdício que agrava o aquecimento global”, alertou o presidente da ABREN.
A produção de biogás também contribui para a sustentabilidade da propriedade rural, já que reduz significativamente os gases de efeito estufa e resolve problemas sanitários relacionados ao descarte incorreto de resíduos.
“O metano gerado naturalmente na decomposição de matéria orgânica é 25 vezes mais agressivo que o CO₂. Ao capturá-lo, o produtor reduz impactos ambientais e ainda gera energia e biofertilizantes”, explicou.
Além do uso interno na fazenda, o digestato resultante da biodigestão pode ser usado para a produção de compostos e fertilizantes orgânicos, reduzindo a dependência brasileira de fertilizantes importados – que atualmente ultrapassa os 90%. “Com o biofertilizante, o produtor consegue agregar valor, melhorar a produtividade e até acessar linhas de financiamento verdes”, disse Schmitke.
Para viabilizar os projetos, o especialista recomenda que os produtores – especialmente os pequenos e médios – se organizem em cooperativas e busquem empresas ou investidores com tecnologia e capital para instalar os biodigestores.
“Hoje o que falta é iniciativa. Existem fornecedores, empresas dispostas e até cooperativas que já funcionam. Falta o produtor entender que ele tem uma fonte de renda e economia nas mãos.”
A entrevista também destacou os incentivos já disponíveis para quem deseja entrar na cadeia do biogás. O programa Combustível do Futuro, aprovado pelo governo federal, prevê a obrigatoriedade de mistura de 1% de biometano na rede de gás natural a partir de 2027. Além disso, há instrumentos de mercado como os Créditos de Descarbonização (CBIOs), do programa Renovabio, e o PATEM – Programa de Aceleração da Transição Energética.
“O produtor rural poderá vender certificados de origem do biometano e CBIOs, gerando receita adicional sem subsídios diretos, o que torna o modelo sustentável e atrativo”, destacou o presidente da ABREN.
A recomendação é buscar orientação de consultorias especializadas ou instituições como o CI Biogás, que oferecem cursos e apoio técnico.
Schmitke citou o exemplo da empresa H2A, que está construindo usinas no Paraná com investimentos de R$ 1,2 bilhão, em parceria com cooperativas de suinocultores. “Essas usinas vão produzir biometano, biofertilizantes e até CO₂ biogênico, usado na indústria de bebidas, gerando múltiplas fontes de receita.”
A ABREN representa fabricantes, construtores e investidores da cadeia do biogás e trabalha para disseminar conhecimento e conectar produtores ao mercado. “O Brasil tem tecnologia, recursos e demanda. Falta apenas fazer essa ponte com o campo. O biogás é a energia do presente e do futuro”, concluiu.
Feras da Sustentabilidade
No Ganhando o Futuro, foi destacado que, quando se trata de nutrição vegetal e produtividade, os fertilizantes da Bioagross são aliados essenciais para os produtores. A linha de fertilizantes foi desenvolvida para atender às necessidades específicas das lavouras do início ao final do ciclo produtivo.
Com nomes inspirados em felinos, a família Felina conta com produtos como Leão, Lince, Guepardo, Onça e Tigre, cada um com uma função específica para potencializar a produção agrícola. Esses fertilizantes contribuem para um manejo mais eficiente e sustentável, garantindo o máximo aproveitamento dos nutrientes no solo. Essa linha de nutrição pode ser adquirida através do site: www.ganhandoofuturo.agross.com.br
O programa Ganhando o Futuro é exibido no Canal Rural de segunda a quinta-feira, às 8h30 e às 17h. Já às sextas-feiras, o programa vai ao ar às 8h30 e às 18h15. Todos os episódios estão disponíveis no YouTube.