Produtores rurais podem lucrar com energia limpa gerada a partir de resíduos agropecuários

Presidente da ABREN defende o uso de biogás e biometano como solução sustentável e rentável para pequenas e médias propriedades, com potencial de reduzir drasticamente as emissões de metano no Brasil.

Produtores rurais podem lucrar com energia limpa gerada a partir de resíduos agropecuários

A adoção de biogás e biometano como fontes de energia em propriedades rurais pode representar uma revolução na produção agrícola brasileira. É o que defende Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), em entrevista ao programa Ganhando o Futuro, apresentado por Luciana Yurie. Segundo ele, além de gerar energia limpa, o produtor rural pode lucrar com a venda de créditos de carbono e reduzir significativamente a emissão de gases de efeito estufa.

“O biogás é gerado pela decomposição anaeróbica dos resíduos da agropecuária. Cerca de 60% do seu volume é metano, que ao ser purificado, dá origem ao biometano, um substituto renovável para o gás natural”, explica Schmitke.

Essa purificação pode ser feita com tecnologias como membranas, PSA, lavagem ou criogenia, permitindo o uso do combustível em caminhões, tratores e até em processos industriais.

O potencial brasileiro para produção de biogás é majoritariamente rural: 92% está concentrado na agropecuária. No entanto, segundo o presidente da ABREN, a falta de conhecimento ainda limita o aproveitamento dessa fonte energética, especialmente entre pequenos e médios produtores. “O maior potencial está justamente nesses produtores, que muitas vezes nem sabem da existência dessa alternativa”, alerta.

Entre as aplicações mais promissoras, está o modelo de geração híbrida com energia solar.

“Durante o dia, a propriedade gera energia com placas solares. À noite, usa o biogás armazenado em gasômetros para continuar a produção energética”, detalha Schmitke.

Essa solução permite uma produção contínua de energia, reduzindo a dependência de fontes externas e garantindo estabilidade no fornecimento.

Outro destaque da entrevista é o impacto positivo do biogás na agenda climática. O metano é um dos principais gases de efeito estufa e sua emissão contribui para fenômenos climáticos extremos que têm afetado diretamente a produção agrícola.

“Secas e enchentes estão se tornando imprevisíveis. Isso impacta o bolso do produtor e também do consumidor final, já que a quebra de safra encarece os alimentos”, observa o presidente da ABREN.

O Brasil, lembra ele, firmou o Compromisso Global do Metano, que prevê a redução de 30% das emissões desse gás até 2030. “Não vamos parar de criar gado ou produzir suínos. Precisamos agir sobre os resíduos. O biogás é uma das soluções mais eficazes para isso”, defende.

A geração de energia com biogás também pode ser economicamente vantajosa. Schmitke cita o programa Renovabio, que concede créditos de descarbonização, chamados Cebios, aos produtores de biocombustíveis. Desde 2023, pequenos produtores também passaram a ter direito aos créditos.

“Além disso, está em discussão no Senado o Programa Nacional do Metano Zero, que vai permitir a venda de energia elétrica com certificado de origem, facilitando o acesso a subsídios para pequenos e médios produtores.”

Para quem quer começar, os equipamentos básicos são o biodigestor e o motor de geração elétrica (CHP). “O biodigestor pode ser do tipo lagoa — menos eficiente — ou CSTR, de metal ou cimento, mais eficazes. Já os motores queimam o biogás e geram energia elétrica. Existem também sistemas de purificação para produção de biometano, com compressores e bombas”, explica.

Por fim, Schmitke ressalta que o Brasil é hoje um dos protagonistas na transição energética global.

“O metano tem curta duração na atmosfera. Se focarmos nele, podemos ver resultados rápidos na descarbonização até 2050. E o pequeno produtor tem papel fundamental nisso. Ele pode ser protagonista da energia limpa no campo.”

Feras da Sustentabilidade

No Ganhando o Futuro, foi destacado que, quando se trata de nutrição vegetal e produtividade, os fertilizantes da Bioagross são aliados essenciais para os produtores. A linha de fertilizantes foi desenvolvida para atender às necessidades específicas das lavouras do início ao final do ciclo produtivo.

Com nomes inspirados em felinos, a família Felina conta com produtos como Leão, Lince, Guepardo, Onça e Tigre, cada um com uma função específica para potencializar a produção agrícola. Esses fertilizantes contribuem para um manejo mais eficiente e sustentável, garantindo o máximo aproveitamento dos nutrientes no solo. Essa linha de nutrição pode ser adquirida através do site: www.ganhandoofuturo.agross.com.br

O programa Ganhando o Futuro é exibido no Canal Rural de segunda a quinta-feira, às 8h30 e às 17h. Já às sextas-feiras, o programa vai ao ar às 8h30 e às 18h15. Todos os episódios estão disponíveis no YouTube.